sábado, 28 de maio de 2016

Resenha: American Horror Story, Hotel (5ª Temporada)

A quinta temporada de American Horror Story, intitulada Hotel, infelizmente seguiu a mesma linha de Coven, que foi uma temporada sem muita coesão e com histórias perdidas, que se importava em fazer pose e falar sobre moda, esquecendo-se de assustar o público. Essas mesmas questões desencadearam a trama sem excaixe de Hotel

Acompanhamos a história de um casal, John e Alex (Wes Bentley e Chöle Sevigny) que precisavam enfrentar o desaparecimento do filho Holden, além do chefe de família ter que desvendar uma série de assassinatos ligados aos dez mandamentos da bíblia e ao Hotel Cortez. A hospedagem funciona como purgatório para espíritos mal resolvidos assim como na temporada de estreia, muitas vidas já passaram por ali desde a sua inauguração, mas praticamente ninguém sobreviveu às aberrações do primeiro dono do hotel, Sr. James March (Evan Peters) que entregou brilhantemente um figurão playboy e um dos piores serial killers que a série já viu. 

Quem se hospeda no Hotel Cortez, procura por algo que não possui, as vezes solidão, ou privacidade. Nesse contexto, os quartos servem como refúgio, um lugar onde a pessoa é acolhida e pode sentir-se livre. Mas como todos os hotéis, existe um preço a ser acertado. A dramaturgia tardia que se estabelece na série, é a da eternidade, do viver plenamente mesmo que para isso seja preciso morrer. A jornada destas personagens entre erros e absolvições leva-nos ao raciocínio anterior, de nos sentirmos nós mesmos e enfrentarmos as nossas transições. 



Porém estamos a tratar de horror, e muitos horrores imagináveis num hotel poderiam ter sido explorados, além de assombrações e corpos presos dentro de colchões, que foram poucos. Falar sobre vampiros dentro de tantas outras possibilidades, não fez o menor sentido. Questões como abandono, rotura e amores eternos são nos dados pelo roteiro que fica quase transparente em alguns episódios, quase nulo. A cada cena que passa, espera-se algo surpreendente ou que prenda a atenção, mas não vem.  



O arrepio criado em torno da participação de Lady Gaga como a Condessa na série, não foi suficiente para sustentar a difícil tarefa de substituir a falta da atriz Jessica Lange na nova temporada, mesmo a mãe monstra tenha recebido o prémio de melhor atriz no Globo de Ouro de 2016. O problema é que a expectativa era muito positiva e a série parecia ser ideal para uma figura como Gaga, que se veste de carne crua, inspira-se em heavy metal e acha filmes de matança algo relaxantes. Uma pena que o talento dos palcos não brilhou frente as câmeras e não conseguimos ver Stephany Ciccone a atuar, vimos apenas o mais do mesmo de Lady Gaga na sua pausa musical.

Destaque máximo para Kathy Bates (Iris) e Denis O'Hare (Liz Taylor), que conduzem bons diálogos, carregam boa parte dos episódios nas costas enquanto todo o resto do roteiro e da avalanche de ideias vazias, não funciona. É triste ver uma série decair em qualidade por conta da mesma intensidade que a elevou. 

Boa leitura!
Até o próximo post!

Resenha: American Horror Story, Freak Show (4ª Temporada)

Hoje vou falar da quarta temporada de American Horror Story, intitulada de Freak Show. 


A história passa-se na década de 1950, na cidade de Júpiter, Florida e acompanha a chegada de um dos últimos e autênticos circos de aberrações ou shows de horrores. Elsa Mars (Jessica Lange) é a grande líder da trupe de monstros e é ela a responsável por achar as aberrações nos mais diversos lugares: hospitais, orfanatos... Os integrantes do show possuem as mais diversas deformações: temos o Mãos-de-Lagosta, as irmãs siamesas, a mulher barbada, o Homem Foca, a mulher com três seios... 
É claro que eles não são bem recebidos pela cidade e, nos primeiros episódios, temos a chance de acompanhar como eles lidam com a rejeição e o preconceito, as dificuldades de se fazer coisas simples, como frequentar um bar. 
Ao mesmo tempo, acompanhamos um palhaço serial killer, dois golpistas caçadores de aberrações e a vida de uma mãe e o seu filho, que poderia estampar facilmente qualquer capa de revista, mas é completamente desajustado e não aceita "não" como resposta. Parece que tem muitas histórias a acontecer ao mesmo tempo mas, com o decorrer da temporada, tudo se encaixa e todos servem os seus propósitos. 



[Spoiler]

Depois da fraquíssima terceira temporada, pelo menos para mim, Ryan Murphy (produtor de Glee e Nip/Tuck) decidiu voltar com tudo. Graficamente, a série é pesada. Tanto na composição das personagens quanto na violência das cenas (e não estou a reclamar). As cenas do massacre na reta final e as cenas em que os freaks se juntam para matar uma das personagens são chocantes e bem executadas. 
Mais do que violência, a série mostrou o quanto é difícil pessoas com deficiência se encaixarem na sociedade e serem aceites pelo que são. Mesmo aqueles que não possuem deficiência física, mas são psicologicamente danificados, como é o caso do filho desequilibrado, acabam vivendo à margem da sociedade e criam o seu próprio mundo. Triste quando se descobre da pior forma possível.  
Por outro lado, é interessante ver como eles se organizam, têm as suas próprias leis e como se consideram uma família, como outra qualquer, que brigam, traem, amam, protegem-se e unem-se quando recebem uma ameaça exterior. O final da temporada foi interessante e coincidiu com os acontecimentos mostrados.
Uma jogada interessante foi fazer um link com a segunda temporada, Asylum. Tivemos a oportunidade de ver como a Pepper (uma das freaks) foi parar no hospício e como foi recebida pela Irmã Mary Eunice, antes de ser possuída pelo mal, claro. 
Para terminar, esta quarta temporada conseguiu resgatar o verdadeiro horror e fez um excelente trabalho, com atuações fantásticas e com todas as personagens tendo o seu tempo em cena.
Nunca fiz "quotes" para séries, mas este eu achei que resume bem o que tentei dizer nos parágrafos acima:  

"Querido diário, já ouvi várias vezes a srta. Elsa dizer que as aberrações dela são corajosas e honestas. Com todos os motivos para se esconderem, amargos e com pena de si mesmo, eles fazem o contrário. Eles são, na verdade, as pessoas mais alegres do mundo. O motivo? Eles acreditam em prazer absoluto. O que nos ensinaram a negar a nós mesmos a vida toda. Hoje eu nos declaro livres. Estamos no nosso lugar. Este lugar e estas pessoas são o nosso mundo e é como um banquete, cheio de possibilidades deliciosas."
Dêem uma olhada nesta esquisita e perturbadora abertura:   
https://www.youtube.com/watch?v=ZFLKPMLdR2c



Boa leitura!
Até o próximo post!

Resenha: American Horror Story, Coven (3ª Temporada)


American Horror Story é uma das minhas séries favoritas. Não sei se é porque sou fascinada por este clima de suspense/terror, ou se são os temas das temporadas. Não sei se já mencionei noutro post ou não, mas esta série é diferente das outras, pois cada temporada tem um tema e uma história diferente. Coven fala sobre bruxas e esse é um tema que me interessa muito.
Quando vi o tema, confesso que criei uma expectativa muito grande desta temporada, mas fiquei um pouco frustrada. Falarei mais sobre isso a seguir e vocês irão entender. Primeiro quero contar um pouco mais sobre a série. 


[Spoiler]


A série trata de 2 assuntos distintos que se acabam misturando na trama: as bruxas e a escravidão nos Estados Unidos. Mais de 300 anos após os tempos turbulentos de Salém, as descendentes das bruxas da época, tentam sobreviver e evitar a extinção do clã. Os acontecimentos ocorrem principalmente em Nova Orleans, onde vemos o desenrolar da trama. 

Por conta dos misteriosos ataques que a espécie tem sofrido, as raparigas que demonstram poderes especiais são enviadas para uma escola especial em Nova Orleans para aprenderem a proteger-se. Preocupada com a ameaça, Fiona (Jessica Lange), a bruxa Suprema, retorna à cidade, determinada a proteger o clã e disposta a dizimar quem aparecer no seu caminho. Bem, Fiona não é tão boazinha assim e ao assistir a temporada vocês descobrirão qual a verdadeira intenção da "poderosa chefona". 



A trama inicia-se com Zoe Benson (Taissa Farmiga), uma jovem que descobre que é uma bruxa de uma maneira triste e esquisita. O namorado morre em pleno ato sexual entre os dois e depois ela descobre que a culpa foi sua, com um poder que ninguém esperaria existir (Obs.: creio que este mesmo poder poderia ser melhor explorado na série). Então, Zoe é levada por Myrtle Snow (Frances Conroy), à Academia para Excepcionais Jovens Raparigas da Madame Robichaux, uma instituição localizada em Nova Orleans que acolhe jovens bruxas na tentativa de ajudá-las a controlar os poderes e desenvolver as aptidões. 
A Academia é dirigida por Cordelia Foxx (Sarah Paulson), filha da bruxa suprema Fiona Goode (Jessica Lange). Não preciso comentar que as duas desenvolveram os seus papéis de maneira magistral. Virei fã destas atrizes. O final para as duas não foi muito o que eu aguardava, mas foi interessante e respondeu às minhas expectativas. Sinceramente eu não esperava o final preparado para Cordelia, mas confesso que gostei e foi merecido.  


Já na nova casa, Zoe conheceu outras três bruxas, Madison Montgomery (Emma Roberts) uma pop-star que foi mandada para esta academia na tentativa de controlar os poderes autodestrutivos, Queenie (Gabourey Sidibe) uma ex-atendente de fast food e Nan (Jamie Brewer) uma jovem que parece ser comum mas é tratada como diferente pelas outras pessoas.


Este é o núcleo principal e tudo na série acontece em torno destas personagens. Há algo bem interessante em Coven. A série resgatou duas personagens históricas do passado escravo de Nova Orleans. São elas: Marie Laveau (Angela Basset) praticante de voodu dos Estados Unidos, sendo chamada até hoje de Rainha do Voodu e Delphine LaLaurie (Kathy Bates) uma socialite de Nova Orleans e suposta assassina em série, que segundo a lenda, ajudou a torturar, mutilar e matar dezenas de escravos. Na trama, a história destas duas personagens são regadas a muito ódio. LaLaurie torturou e matou o amante de Marie e para se vingar, a Rainha Voodu amaldiçoou a assassina com a vida eterna. A interacção entre estas personagens arrancar-me calafrios! 


Fiona vai fazer um passeio com as meninas e por acaso acaba por "encontrar" La Laurie, enterrada na sua prisão eterna, um caixão a 7 palmos debaixo da terra no quintal da sua antiga casa, já no século XXI. Bem, libertar a socialite não fez muito bem ao pacto de paz entre as bruxas do Clã e as bruxas praticantes de Voodu. Uma guerra começou entre os clãs e a coisa ficou feia quando os caçadores, membros do Delphi Trust apareceram. 
E esta é a trama principal de Coven. Temos outras personagens que aparecem no decorrer da série e que são apaixonantes. Personagens que nos cativam e nos fazem torcer por eles. 

Conclusão


Como falei lá mais em cima, fiquei frustrada com Coven. Eu esperava que o assunto - bruxas - fosse melhor explorado. 

Achei que em alguns momentos o tema perdeu-se e a tão esperada união das bruxas com as voodu's contra os seus inimigos em comum, os caçadores de bruxas, para a batalha pela sobrevivência, não aconteceu propriamente. Não foi explorado pelos roteiristas e ficou muito superficial. 
Por incrível que pareça, a primeira temporada causou-me mais "medo" do que esta. Pelo trailer e teaser da série, achei que ela seria assustadora, mas não foi. Isso é um problema? De maneira nenhuma! Dá para assistir muito bem. Existem alguns/poucos momentos de tensão e vontade de matar a Madame LaLaurie! Be, não sei qual o "grau de medo" de vocês, mas para o meu, não me fez perder uma noite de sono com a cara enfiada debaixo das almofadas.
Apesar de não me causar muito medo, vemos cenas bem fortes como a de Kyle (Evan Peters) ou a do minotauro! As cenas de tortura aos escravos também são de embrulhar o estômago. Temos de tudo um pouco nesta temporada!



Apesar de não ser o que eu esperava, gostei bastante da 3ª temporada. ^^



Boa leitura!
Até o próximo post!

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Resenha: American Horror Story, Asylum (2ª Temporada)


Se misturarmos uma boa dose de loucura, extraterrestres, possessões demoníacas, um médico nazista sádico, um serial killer, sexo, freiras e padres num manicómio, o que teremos? A segunda temporada de American Horror Story: Asylum! Murder House foi muito boa, porém Asylum não fica em nada para trás. 

Já sabemos que AHS não é uma série como as outras, cada temporada conta uma história diferente com começo, meio e fim. Na segunda temporada conhecemos a história dos moradores da Instituição Mental Briarcliff, no ano de 1964. O tema principal é a saúde mental e o desenrolar de cada história é assustadoramente intrigante. Diferente de Murder House, onde o foco estava voltado para os espíritos de pessoas que morreram na casa, em Asylum podemos acompanhar histórias de pessoas que estão bem vivas, mesclando o quotidiano com a ficção. 

"A história diz que uma vez que você era admitido no Briarcliff, você nunca mais conseguia sair."
Teresa (Jenna Dewan-Tatum) 


No primeiro episódio vemos um casal a visitar o que restou de Briarcliff e a frase que acabaram de ler em cima, já é um presságio do que virá nos 12 episódios seguintes... Já podemos sentir o pânico, a tensão e todo o suspense desta temporada nas primeiras cenas. Claro, não podia faltar as cenas de sexo, pois em AHS sexo é igual a acontecimentos maus (de onde os roteiristas tiraram essa associação?).
E quem disse que a curiosidade matou o rato estava coberto de razão! Lana Winters (Sarah Paulson), uma repórter muito curiosa, acabou dando-se muito mal por conta da sua curiosidade. Como a Instituição tratava os pacientes de forma precária, utilizando tratamentos nada humanos como lobotomias, terapia de choque, terapia de inversão (utilizada amplamente para o "tratamento" de homossexuais na época), experiências absurdas com os pacientes por parte do Dr. Arthur Arden (James Cromwell), Lana "Banana" resolveu investigar o local e acabou sendo presa pela Irmã Jude (Jessica Lange). Presa sob a alegação de comportamento homossexual, Lana passa a ser paciente do manicómio e lá vivência momentos de terror.   

O desenrolar da história de Lana é simplesmente surpreendente e pergunto-me como esta mulher conseguiu sobreviver a tudo o que ela passou. Não contarei os detalhes para não perder a graça do episódio. Sarah Paulson interpretou perfeitamente o papel e surpreendi-me muito com esta atriz. Vivenciando os horrores do manicómio e abandonada por quem mais amava (pelo menos na cabeça dela), o objetivo de vida era fugir de Briarcliff e fechar de uma vez o local.
Outra personagem que conhecemos no manicómio é Kit Walker (Evan Peters). Kit é levado para Briarcliff, acusado de ser o serial killer assassino de mulheres, conhecido como Bloody Face. É Kit também que tem contacto com os extraterrestres.  

Evan Peters como Tate foi excelente, mas como Kit ele destacou-se e muito! O doce rapaz casado com Alma, de um dia para o outro é acusado de ter matado a esposa e de ser um serial killer passando a morar num manicómio e a sua realidade é transformada num caos. Lá, ele conhece Grace, uma paciente que foi internada e acusada de ter matado a sua família. Kit passa a ser tratado pelo Dr. Oliver Thredson (Zachary Quinto). Acha que a história deste núcleo de personagens é simples? Engana-se! Tem tanta coisa que acontece que envolve estas personagens que nós ficamos de cabelos em pé! Só dou uma dica: Nem tudo o que parece, é! Quando nós pensamos que já aconteceu de tudo em AHS, nós descobrimos que isso era apenas o começo...
E para controlar este bando de loucos, óbvio que é necessário que o dirigente seja uma pessoa sã, correto? Enganou-se novamente! Os administradores do hospital: a severa Irmã Jude (Jessica Lange), segundo em comando Irmã Mary Eunice (Lily Rabe) e o fundador da instituição, o Dom Timothy Howard (Joseph Fiennes) parecem ser mais loucos do que os pacientes! Ah, já falei que o médico responsável pelos pacientes, Dr. Arthus Arden (James Cromwell), é um cientista sádico nazista? Já falei que ele faz experiências nos pacientes, transformando-os em aberrações? Entendem agora porque é "impossível" sair de Briarcliff?

Nos primeiros capítulos da temporada nós começamos por odiar a Irmã Jude... Com o passar dos episódios e o desenrolar da história, nós descobrimos que ela não é tão má assim e tem o seu lado humano e gentil. Li algumas críticas sobre Asylum e vi que algumas pessoas não gostaram do "final feliz" dado à Irmã Jude, eu particularmente achei justo e merecido, além de bonito. Jude teve a sua cota de sofrimento após a traição que sofreu e o seu período de internamento no Briarcliff.  
Tem muito mais história para ser contada, mas como disse anteriormente, se eu contar vai perder a piada. American Horror Story: Asylum é tão boa (ou até melhor) quanto Murder House. Boa parte do elenco fez parte da terceira temporada e pelo que vi, Coven também é boa, mas não foi o que eu esperava. Mas isso é para ser contado noutro post.


Se já assistiram à segunda temporada, deixem nos comentários a vossa impressão do último episódio. Eu fiquei com a impressão de que nada daquilo era real... 


Boa leitura!
Até o próximo post!

Sessão de Autógrafos com Gabriela Gonçalves Ferreira


Já conhecem este livro? Gostavam de ter um exemplar autografado pela autora, e conhecê-la melhor? 
Então, não percam esta oportunidade!

Gabriela G. Ferreira, autora do livro Be Aware, estará presente na Feira do Livro, em Lisboa, no Parque Eduardo VII, no próximo dia 01 de Junho (quarta-feira), das 20h às 20h50. 
Por isso, se quiserem conhecer melhor esta autora, e levar o livro para casa, apareçam!

Em Portugal, para além da Feira do Livro, poderão adquirir a obra "Be Aware" no site da Editora Chiado (podem escolher o preço em euros ou reais no próprio site) ou nos sites da Bertrand e da Wook.
No Brasil, estará disponível no site da Livraria Cultura. 

Mais informações sobre o evento e locais de venda em:

Em relação a resenha do livro, assim que poder eu irei fazê-la. 
Apareçam na Feira do Livro não se vão arrepender!


Boa leitura!
Até o próximo post!

Resenha: American Horror Story, Murder House (1ª Temporada)

Resenha feita pela Lúcia!
Título: American Horror Story - Murder House

Produtores: Ryan Murphy e Brad Falchuck
Género: Terror, Drama, Suspense e Fantasia
Tempo: 39-63 minutos
Ano: 2011

O Halloween passou, mas vocês já pararam para pensar no que esta data realmente inspira. Tantas abóboras, bruxas, etc e tal. E o medo? Doçuras ou travessuras? E se vocês vivessem aprisionados a um lugar que só poderiam sair justamente no dia do Halloween e voltar antes do amanhecer? Imagine a saudade das pessoas que ama? Imagine não ver o mundo lá fora? Os avanços, os atrasos, o tempo. Tais coisas fazem-te refletir sobre a liberdade. Acha impossível? Bem-vindo à primeira temporada de American Horror Story



“Pessoas normais assustam-me.”


A primeira temporada tem como temas a infidelidade, o amor, a família, e o perdão. A série passa-se em 2011, seguindo a família Harmon do psiquiatra Ben (Dylan McDermott), a esposa Vivien (Connie Britton), e a filha adolescente Violet (Taissa Farmiga). Vivien tem um aborto, e após descobrir que o marido tinha uma amante tiveram uma discussão e decidiram dar uma nova oportunidade ao relacionamento e tentar recomeçar noutro lugar e é então que eles mudam-se de Boston para Los Angeles. Os Harmons mudam-se para uma mansão restaurada e logo se encontram com os ex-moradores da casa, os Langdons: Constance Langdon (Jessica Lange), e os dois filhos, Tate (Evan Peeters), e Addie (Jamie Brewer), e o desfigurado Larry Harvey (Denis O'Hare). Ben e Vivien tentam reacender  o relacionamento, com Violet sofrendo de depressão, e estando em conforto com Tate. Os Langdons e Larry frenquentemente influenciam a vida dos Harmons, e a família descobre que a casa é assombrada pelos fantasmas dos seus antigos habitantes.  


















Uma temporada bem viciante, intrigante e apaixonante. Quem assiste fica bem intrigado com as personagens, porque uma grande sacanagem da série é deixar-nos adivinhar quem está vivo. Mas talvez vocês tenham lido a sinopse e pensado "já vi isto em filmes" e eu garanto, não se precipitem. Para começar não é uma simples mansão assombrada, uma perspetiva que não foi mencionada na sinopse é que o grande clímax da temporada é o medo. E vocês? Do que vocês tem medo? Estamos a falar de medo que traga dor, angústia, pesadelos, arrependimentos, porque é esses artifícios que a casa usa, utiliza os prisioneiros para atingir os medos de cada um e é disso que a casa se alimenta e prende todos os que tentam sair. E acreditem quanto digo que ela faz o impossível para ninguém escapar, porque existe uma força muito maior que garante isso.


Ah, numa casa com pessoas aprisionadas é claro que ia ter romance, Tate e Violet, os depressivos da temporada, o casal mais adoravelmente adorável e o mais estranho possível, que aparece na série, ele que cometeu um terrível massacre no seu passado e ela que é a principal responsável pela escolha final de ficar com a casa, quando ouviu a história das mortes dos antigos moradores, coisa de adolescente rebelde: adora o perigo.






Mas falando em infidelidade, um dos principais temas da temporada, como ser fiel como uma empregada que para os homens se mostra em face de uma mulher jovem, cabelos vermelhos e extremamente sexy, porém para as mulheres uma senhora cega e indefesa. Acreditem, Ben tenta não trair a mulher, mas a amante e a empregada não lhe deixam em paz. A empregada argumenta ter esse poder porque afirma que "Os homens vêem o que querem ver", e dessa forma ela consegue ter as duas faces.
Mas a perseguição maior está em todo o mundo que já passou pela casa. No decorrer da série Vivien ainda engravida e sofre um estupro ficando grávida de gémeos de pais diferentes, e nem o bebe escapa, porque vários moradores da casa queriam ter um bebe e quem tem o bebe? Vivien.

Mas o que motiva cada vez mais a gostar de AHS é que não existem só vilões e heróis, existem pessoas injustiçadas e decepcionadas. A cada episódio uma família que morou na casa é apresentada, e no meio da série vocês já conseguem ligar todos eles, e é aí que nós vamos ficar loucos para chegar ao final e foi o que mais fiquei triste, a temporada aprisiona-te num vício inseparável, alucina-te até mostrar como será a felicidade deles para toda a vida. Muitos dos meus amigos gostaram, mas eu achei que o fim seria o fim de tudo. Quem fez este roteiro, deve saber que aquilo nunca foi um final feliz, eu esperava a libertação do sofrimento de tudo, porque ali as coisas voltam e na maioria das vezes não adianta dizer para eles irem embora, nem sempre eles irão. 


Boa leitura!

Até o próximo post!

sábado, 14 de maio de 2016

Resenha - American Horror Story: A vida como ela é.

Resenha feita pela Lúcia!
Título: American Horror Story

Produtores: Alexis Martin Woodall, Patrick McKee e Robert M. Williams Jr.
Género: Terror, Drama, Suspense e Fantasia
Tempo: 39-63 minutos
Ano: 2011-2016

Resenha: Desde os primórdios da TV, sempre existiram séries dos géneros mais variados. Contudo, de todos, o que sempre me pareceu menos adequado ao formato seriado é aquele classificado como terror. 
O motivo é simples: o objetivo deste tipo de história é, primordialmente, criar um ambiente de sustos, medo, repulsa, durante a sua exibição. Para tanto, não é necessário nem desejável o desenrolar de uma trama por vários capítulos. Um filme, com a sua rápida dinâmica início-meio-clímax-fim, é eficiente.
Basta relembrar clássicos como Halloween, Sexta-feira 13, Elm Street, e por aí vai. 
No entanto, foi só assistir aos dois primeiros episódios de American Horror Story e essa convicção de que não há espaço para séries de terror foi para o espaço. AHS é uma série produzida por um canal de TV  a cabo estadunidense e traz vários elementos já conhecidos dos filmes de terror: assassinos, monstros, sombras, esguichos de sangue, fantasmas (ou morto-vivo, como preferir).

O seriado narra as histórias (e mortes) ocorridas numa casa de Los Angeles construída na década de 20 do século passado. A maioria dos episódios, inclusive, começa com uma data e o relato de um assassinato ocorrido na mansão.
O seu diferencial é trazer um roteiro muito bem elaborado, recheado de metáforas relacionadas com factos recentes da sociedade americana. Por exemplo, a casa foi construída por um médico que, em razão de sérios problemas financeiros, começa a dar mostras de estar com a sua sanidade comprometida e a sua família (ele, mulher e bebé) terminam num fim tráfico. Em plena época da Grande Depressão.
No início de outro episódio, é narrado o momento em que a casa é utilizada como uma espécie de albergue para raparigas. Um estranho bate à porta. Molhado de chuva e com sangue no cabelo, solicita ajuda e, ao entrar, depois de um primeiro momento bem simpático, atava a enfermeira e um dos residentes. A rapariga é virgem. A época: fim dos anos 60, período em que marca as manifestações contra a Guerra do Vietname, movimento hippie e... sexo livre.
Num outro capítulo, já em 2010, a casa é adquirida por um casal gay que quer adotar um bebé.
Os diálogos/discussões entre uma mãe e um dos gays sobre os prós e contras da adoção por um casal homossexual são fantásticos.

A ideia de misturar imagens do universo das produções trash com roteiros que o trazem às mazelas do chamado mundo real não é nova. Desde a década de 80, na Itália, há uma personagem de Fumetti (HQ's) que utiliza a mesma dinâmica, ou seja, o terror é utilizado para evidenciar situações que deveriam ser inaceitáveis, mas que acontecem no chamado mundo desenvolvido. O seu nome: Dylan Dog.
Voltando à série de TV,  além dos flashbacks das tragédias ocorridas em outros tempos na mansão, há a história da família tipicamente americana que adquire a casa nos nossos dias. Pai, mãe e filha adolescente. Para complementar, a mãe engravida depois que eles se mudam para a casa.
O convívio entre eles, enquanto família, é um caso de terror à parte. Só conseguem ajustar-se no final da temporada, e numa nova realidade. Talvez aí resida mais uma metáfora: a de que a verdadeira felicidade não está nos mimos que a sociedade, tal qual conhecemos, nos oferece.

Jessica Lange, interpreta a vizinha da mansão, ganhou um globo de ouro de atriz coadjuvante por este papel. Na mesma cerimónia, American Horror Story foi indicada para o prémio de melhor série dramática.
É bom que se diga que, ao assistir o 12º e último da 1ª temporada, ficou a sensação de que a história foi muito bem conduzida, não havendo necessidade de continuação.
Ta aí mais uma demonstração de que há vida inteligente nas produções da TV a cabo e que, sim, é possível assistir a um programa em que haja cenas fortes de terror e roteiros de primeira qualidade.


Boa leitura!
Até o próximo post!